- Onde estamos?
- Estamos mortos.
E sem prestar a mais leve atenção, entregamo-nos
como quem surge da bruma, sem alguma inquietude,
descarregamos o fardo das intempéries nos tordos recantos.
Foi o amanhecer de Primavera manhã.
Alisamos o cansaço da pele de chuvas e ventos
Sentamo-nos lado a lado
e, foi viver os aromas da estadia.
Demo-nos ao coração singelo
Incendiou-se melodias já esquecidas
da água e do fogo
Encorajamo-nos a preservar a não sofrer amarga morte.
Diante dos nossos olhos,
estenderam-se caminhos que conduziam à vida.
Abraçamo-nos num abraço demorado
e poderosa luz que infundiu nos nossos lábios.
Com olhos d´ água e fogo d´alma
caminhamos até ao horizonte e pedimos uma última palavra:
- Com que nome poderemos recordar-nos?
Quase sem voz, acenamos um adeus.
E, desde então nossa vida tem sido apenas,
um esperar por nós, sabendo-nos ressuscitados.
Texto & Foto by: Horroriscausa
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