sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dialogo de vultos



- Onde estamos?

- Estamos mortos.


E sem prestar a mais leve atenção, entregamo-nos

como quem surge da bruma, sem alguma inquietude,

descarregamos o fardo das intempéries nos tordos recantos.


Foi o amanhecer de Primavera manhã.


Alisamos o cansaço da pele de chuvas e ventos

Sentamo-nos lado a lado

e, foi viver os aromas da estadia.


Demo-nos ao coração singelo

Incendiou-se melodias já esquecidas

da água e do fogo

Encorajamo-nos a preservar a não sofrer amarga morte.


Diante dos nossos olhos,

estenderam-se caminhos que conduziam à vida.

Abraçamo-nos num abraço demorado

e poderosa luz que infundiu nos nossos lábios.


Com olhos d´ água e fogo d´alma

caminhamos até ao horizonte e pedimos uma última palavra:

- Com que nome poderemos recordar-nos?


Quase sem voz, acenamos um adeus.

E, desde então nossa vida tem sido apenas,

um esperar por nós, sabendo-nos ressuscitados.
Texto & Foto by: Horroriscausa

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