sábado, 30 de maio de 2009

Cenário


E de súbito, a alma. Tempestuosa alma, na ampulheta dos instantes cegos, que o olhar guardou para nos embalar na voragem de enevoadas madrugadas…com que nos desnudámos.
Entre o grandioso e precário, descobrimos limites:
Vermelhos e azuis, imensos, imersos, eruptivos néons
na vastidão alada de uma outra lucidez alucinada.

Estelares amplexos, de esplêndidas telúricas, cósmicas transfigurações, mistura de criaturas de um mesmo, único gesto.
Espíritos vagabundos, nómadas da inspiração que rompem os limites conhecidos do espaço…

(baile de máscaras, dança nocturna e solar, bailam os amores inconfessados)

… É no mesmo espaço fragmentado, ensaiado na plenitude imaginada que nos embala e nos assombra o cruzar dos nossos passos…
…É nos passos que têm que ser leves à descoberta, reduzir ao parco movimento que ritma o vagar das águas incendiadas. Ou tendem lentas, lentas a ficarem estagnadas…
…É nas águas que nos banha que vem o sal com que nos damos o que precisam, o sémen como vitória do eterno, sobre a carne, à noite, pelo sono da lua esparsa…

… É na pouca luz que permanecemos ocultos como se essa fosse a nossa fragilidade. Oscilam brilhos devagar, desenhando no papel de cenário nossas almas em fuga.
Foto & Texot by: HorrorisCausa

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